quinta-feira, 23 de julho de 2015

Para nossos casais



A nada mole vida dos Santos casados

Ainda neste ano, os pais de Santa Teresa de Lisieux, os beatos Louis Martin e Marie Zélie Guerin, serão canonizados pelo Papa Francisco. Tal acontecimento leva muitos católicos a comentar: “Até que enfim! Há tão poucos santos casados em nossos altares…”. Não são tão poucos assim, mas, de fato, os casados são canonizados em bem menor número do que os cristãos celibatários.

Por que isso ocorre? É o que explicaremos neste post!

Quanto aos pais de Santa Teresinha, o Vaticano reconheceu o segundo milagre realizado por meio da intercessão do casal: a cura de um bebê que nasceu com uma hemorragia ventricular de quarto grau. Já explicamos aqui, em outro post, que “A Igreja não faz santos, apenas os reconhece”.

Em primeiro lugar, o que deve ficar claro é que alcançar a santidade é possível para uma pessoa casada. Se não fosse, Deus não teria ordenado: “Crescei e multiplicai-vos”. Uma pessoa casada tem tanta obrigação de buscar fazer a vontade de Cristo quanto uma pessoa celibatária.

Em segundo lugar, também deve-se dizer que a vida celibatária é melhor e mais favorável ao caminho de santidade, pois segue o próprio modo de vida de Jesus. Por isso, São Paulo aconselhou aos solteiros permaneçam assim, sem contrair casamento (I Cor 7,1).

Sem o celibato, não haveria São Francisco de Assis – ao menos não o Francisco pobrezinho e completamente desapegado. Certa vez, desejando formar uma família, Francisco moldou com neve uma esposa e dois filhos, e pôs-se a imaginar como seria a sua vida de esposo e pai. Logo se deu conta que teria que buscar conforto e bens materiais, pois era impossível submeter a mulher e as crianças às privações de um mendigo de Deus.

Portanto, não precisa ser nenhum gênio para concluir que o celibato deixa a pessoa mais livre para se desapegar das coisas do mundo e se dedicar às coisas de Deus. Esse ensinamento está claro na Bíblia, na Tradição e nos documentos do Sagrado Magistério.

Comentando um texto de São Paulo, São Jerônimo (século IV) diz:


“Mas aquela que é casada está preocupada com as coisas do mundo, do modo como agradará a seu marido”. Julga você que não há diferença entre uma que gasta seu tempo em oração e jejuns daquela que se sente impelida, ao aproximar-se seu marido, a arranjar sua aparência, andar com passos afetados, e demonstrar atos de carinho? (…)

…o desempenho do dono da casa, a educação das crianças, as necessidades do marido, a correção dos servos, não falham em afastar a mente do pensamento de Deus.

– Carta de São Jerônimo a Helvídio, a respeito da Virgindade Perpétua da Virgem Maria.

No século XVI, o concílio de Trento, combatendo as heresias protestantes, declarou a excomunhão de todos aqueles que insistissem em negar que o estado de virgindade e celibato é melhor e mais beato do que contrair matrimônio (Sessão XXIV – Cânones sobre o sacramento do Matrimonio, cân. 10). Essa condenação é definitiva no Magistério, pois é parte integrante dos dogmas.

Os pais de Sta. Teresinha

Ao mesmo tempo que proclama a nobreza superior do estado celibatário, a Igreja sempre relembra que a perfeição cristã deve ser buscada POR TODOS, seja qual for o seu estado. Tal ensinamento foi heroicamente obedecido por uma multidão de homens e mulheres casados, como, por exemplo os incontáveis mártires abatidos por Roma pagã, pelo Islã, pelas ditaduras comunistas e durante a Cristiada mexicana.

Sabemos que há muitos santos anônimos, seja casados ou celibatários. Sobre os santos casados elevados aos altares, podemos citar uma ampla lista de nomes, que você pode conferir não inserimos os nomes dos beatos, apenas dos santos).

Repare que boa parte dos santos citados nessa lista, ao se tornarem viúvos, ao perderem seus filhos ou terminar de educá-los e criá-los, passaram a viver como celibatários.

A Igreja não canoniza um maior número de santos casados porque, além do motivo principal que já expomos (a vida celibatária é mais favorável à santidade), os celibatários, em geral, fazem parte de ordens religiosas, que têm maior capacidade de mobilização para levar adiante um processo de canonização do que um grupo de leigos.

Porém, em nosso tempo, em que a família parece desmoronar – mesmo as famílias cristãs, muitas delas feridas pelo adultério e pelo divórcio – à Igreja, mais do que nunca, interessa elevar aos altares pais e mães de família. É fundamental mostrar ao mundo que não só padres e freiras devem buscar a perfeição cristã, mas também as pessoas casadas.

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